Por iniciativa da diretora da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Cleide Pinto, e da pesquisadora Louisa Acciari, a categoria comemora a produção do livro “Os sindicatos das trabalhadoras domésticas em tempos de pandemia: memórias da resistência”. A obra teve a participação também de Luiza Batista, presidenta da FENATRAD, envolvida não só como objeto de pesquisa, mas como coordenadora do livro.
“Este é um livro co-escrito, co-produzido, pensado de maneira coletiva, que mostra toda a força da FENATRAD e seus sindicatos durante esse primeiro ano de pandemia. Não é nem acadêmico nem militante e sim uma mistura de mundos que causou até debates e discussões entre nós no início. Mas era isso que queríamos: uma produção híbrida, que valorizasse diferentes formas de saber, conhecer e experimentar, e que pudesse captar diferentes públicos”, diz o prefácio.
O livro foi financiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos e contou com diversos apoiadores. Entre eles estão: Jurema Gorski Brites, Mary Garcia Castro, Thays Almeida Monticelli, Chirlene Brito, Quitéria dos Santos, Lúcia, Helena Conceição de Souza, e a toda a equipe da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através da FACOS, que produziu o livro e e-book (estará disponível na internet).
A obra foi possível graças ao Fundo Brasil de Direitos Humanos, que autorizou remanejar o orçamento do projeto “Trabalho Doméstico, Trabalho Decente: Resistindo ao Trabalho Escravo e ao Desmonte da Democracia”, do Edital Resistência, concedido ao Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu, em junho de 2020. Incialmente, previsto para curso de formação presencial no sindicato, foi possível utilizar uma parte do fundo para financiar a edição do livro.
“Os sindicatos das trabalhadoras domésticas em tempos de pandemia: memórias da resistência” destaca a reinvenção da categoria durante a pandemia da Covid-19, com a utilização das tecnologias para a realização de lives, entrevistas, reuniões, cursos de formação. Além do aumento de editais e demandas de projetos.
O livro retrata ainda o protagonismo das trabalhadoras domésticas na atuação de cada uma diante da crise sanitária, com a realização de campanhas e arrecadação de cestas básicas para a categoria que enfrentava e ainda convive com a falta de trabalho.
“Esta história é delas, é das diretoras, é das trabalhadoras domésticas. A iniciativa deste livro se inscreve nessa dinâmica de reciprocidade, é uma tentativa de produzir com e não só sobre. É uma experimentação de um formato diferente. Aqui, as trabalhadoras domésticas são também autoras”, informa Louisa Acciari, antiga parceira da categoria na realização de projetos e pesquisas.
“Este livro é uma memória preciosa para o movimento. Esperamos que ele seja acessível e de interesse não só para as sindicalistas, mas também para as milhões de trabalhadoras domésticas que estão lutando dia após dia para sobreviver. Que elas vejam nossa determinação e nossa força coletiva”, destacou Luiza Batista.
Para Cleide Pinto, o livro pode constituir uma base de dados para futuras pesquisas. Quem quiser saber mais sobre a atuação das trabalhadoras domésticas durante a pandemia da Covid-19 encontrará aqui um material inédito.
“Este livro foi um sonho nosso. É fruto da nossa amizade, parceria e cumplicidade. Retrata um momento histórico particular, mas também reflete nosso modo de pensar e colaborar. Queríamos algo feito junto das trabalhadoras domésticas, que mostrasse a importância de nossas lutas e conquistas”, disse.
A FENATRAD e demais sindicatos agradecem a todos os apoiadores e colaboradores que não soltaram a mão das trabalhadoras domésticas durante esse mais de um ano de pandemia da Covid-19.