A coordenadora de Atas da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Cleide Pinto, participa, nesta terça-feira (16), da Convenção Latino-Americana de Trabalho e Tecnologia, promovida pelo Solidarity Center, no Hotel Prodigh Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O evento teve início ontem (15) e ocorre até hoje (16).
O evento tem o objetivo de criar estratégias e formação de redes entre trabalhadores /as de todos os países. Além de identificar estratégias organizacionais para a defesa contra plataformas que exploram o trabalhador/a.
Na ocasião, Cleide Pinto trouxe a vulnerabilidade da categoria com relação às tecnologias. “Somos uma categoria com 90% de mulheres negras, periféricas e com pouca escolaridade. A tecnologia tem sido um desafio para nós. Durante a pandemia, precisamos aprender a nos comunicar através das mídias. Tivemos que promover rodas de conversas online para conscientizar as trabalhadoras domésticas sobre os riscos e ajudá-las com doações de cestas básicas e produtos de higiene”, disse.
“O pior desafio é com as plataformas de emprego. Elas não tem seguridade nenhuma, não dá direito à carteira assinada, não ampara a trabalhadora doméstica, só explora. Além disso, algumas trabalhadoras estão fazendo grupos no WhatsApp dizendo que é para se ajudarem, e terminam pegando porcentagens”, informou Cleide Pinto.
MEI
Cleide Pinto abordou ainda a situação do Microempreendedor Individual (MEI) e explicou que não se aplica à categoria das trabalhadoras domésticas. “A trabalhadora doméstica não é empreendedora, ela tem um empregador; mesmo as diaristas. Os empregadores, para driblar os direitos da categoria, ao invés de assinar a carteira, convencem as trabalhadoras a fazer o MEI. A FENATRAD tem lutado muito contra isso. O MEI vem prejudicando o trabalho doméstico, que tem mais de 80 anos de luta”, afirmou.
Aplicativo Laudelina
Cleide Pinto ressaltou a experiência que a categoria conquistou com o aplicativo Laudelina. O app foi desenvolvido pela Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas para divulgar os direitos das trabalhadoras domésticas e incentivar a criação de uma rede de apoio entre as profissionais.
“Na segunda edição, estamos trabalhando para que, através do aplicativo, os empregadores tenham informações sobre as trabalhadoras domésticas e possam contratá-las por lá. Queremos ter este controle para que a categoria não fique nas mãos de plataformas que não garantem seus direitos. No app Laudelina teremos como fiscalizar”, frisou Cleide Pinto.