Já está no ar mais um episódio do podcast ‘Pod Doméstica’. Dessa vez, Milca Martins, presidenta do Sindicato das(os) Trabalhadoras(es) Domésticas(os) da Bahia (SINDOMÉSTICO/BA), conversa com Maria do Carmo de Jesus Santos, trabalhadora doméstica aposentada, uma das fundadoras do SINDOMÉSTICO/BA.
Ela contou um pouco da sua história de vida e sua trajetória no movimento sindical.
Maria do Carmo tomou conhecimento sobre um grupo de trabalhadoras domésticas que estava se reunindo no Colégio Antônio Vieira, no bairro do Garcia, em Salvador, através da Rádio Excelsior. Ela se interessou pelo evento e pediu a empregadora que a ensinasse como chegar ao local. “Eu disse a ela que ia para o aniversário de uma tia que iria ocorrer na capela do colégio. Ela me ensinou o endereço e eu fui para a reunião que estava falando sobre os direitos das trabalhadoras domésticas”, disse.
“Uma vez pedi um aumento de salário, e a patroa disse que empregada doméstica não valia nada. Que era pior que uma cachorra vira lata. Eu já estava revoltada com tudo isso. Na reunião, ouvi o padre dizer que não tinha ninguém para defender as trabalhadoras domésticas, que nós tínhamos que nos virar para correr atras dos nossos direitos. Essa fala me deixou muito triste. Voltei para o trabalho e chorei a noite toda”, lembrou.
Maria do Carmo deixou a casa dos empregadores, trabalhou um tempo numa gráfica, depois retornou ao trabalha doméstico. Foi trabalhar na casa de um empregador que a matriculou no projeto que tinha no Colégio Antônio Vieira à noite com aulas para a categoria. Lá ela conheceu Creuza Oliveira. “Ela ia de sala e sala nos convidar para participar das reuniões da associação. E foi assim que eu passei a conhecer o sindicato. E decidi ajudar Creuza nessa missão. Fundamos o sindicato e estamos aqui até hoje”, disse.
“Foram muitas lutas para chegarmos aonde chegamos. Hoje, graças a Deus, eu sou aposentada. Infelizmente, ainda não é fácil convencer a trabalhadora doméstica e o empregador da importância da carteira assinada. Esta é uma luta constante do nosso sindicato. Foi muito luta também quando adquirimos o direito de ter 8 horas de jornada de trabalho. Essa é uma grande vitória”, informou Maria do Carmo de Jesus dos Santos.
Confira a entrevista na íntegra.